terça-feira, 4 de novembro de 2014

6ª Postagem - Transdução Sensorial da Visão

A detecção da visão e de outros sentidos é fundamentalmente semelhante as transduções de sinais já vistas nesse blog. O sinal é  amplificado por processos que envolvam canais iônios ou segundos mensageiros. 
No olho humano, um feixe de luz chega a um grupo de neurônios especializados, que podem ser de dois tipos:
  1. Bastonetes - ajudam a discriminar quando a pouca luz, mas não é sensível a cores;
  2. Cones - e sensível as cores. 
Ambos são formados em duas partes, um segmento externo que possui a proteína rodpsina. E um segmento interno que contém o núcleo e as mitocôndrias. Esses neurônios, como os demais outros, possuem um potencial elétrico transmembrana, que é possível graças a atividade ATPase Na+ e Ca2+, além dos canais iônicos dependentes de cGMP. 
De modo geral, a processo da visão ocorre porque a luz induz a diminuição de cGMP, fazendo com que o canal iônico se feche. Logo, a membrana irá se torna hiperpolarizada devido a atividade da ATPase Na+ e K+. 
Mas como a luz consegue diminuir as taxas de cGMP?

A resposta está na rodpsina, que é uma proteína com 7 α-hélice que atravessam a membrana. (imagem). Veja em detalhes o que acontece: 
  1. A luz ativa a rodpsina;
  2. A rodpsina interage com uma segunda proteína, transducina(T), que é análoga a proteína G, catalisando a transformação de GTP em GDP e a separação das subunidades T (α, β, γ). Assim como na proteína G, a subunidade Tα se separa da subunidade Tβγ. 
  3. Tα-GTP ativa a PDE, que é a enzima cGMP fosfodiesterase(PDE), responsável pela transformação de cGMP em 5'-GMP, o que a inativa. 
  4. A inativação de cGMP bloqueia os cânais iôniocos de Na+ e Ca2+, suprepolarizando a membrana.(Veja a imagem abaixo com mais detalhes) 

Esse processo acarenta em grande amplificação, devido a cascata enzimática. Uma única molécula de rodpsina excitada ativa 500 moléculas de transducina, que ativa logo após uma PDE, que por fim, hidrolisa 4200 moléculas de cGMP. 
Vale ressaltar que a rodpsina abosorve comprimento de onda verde azulado e adquire portanto uma cor avermelhada, para outros comprimentos de ondas existem outras opsinas, que estão presentes nos cones, por isso eles são especialistas em distinguir as cores. Essas outras opsinas são:
  1. Fotopsina I - absorve o espectro amarelo;
  2. Fotopsina II - absorve o verde;
  3. Fotopsina III - absorve o violeta.
RELAÇÃO CLÍNICA

Como uma pessoa com cegueira noturna enxerga
A rodpsina é formada de uma parte proteica e uma não-proteica, essa última é chamada de 11-cis-retinal e é derivada da vitamina A. Assim, a deficiência de retinol faz com que corpo não produza rodpsinas adequadamente, o que causa a Cegueira Noturna - uma patologia em que o indivíduo sente dificuldade em enxergar na penumbra. Nesse caso a doença pode ser tratada através de suplementação oral de vitamina A.  





Fontes: 
Bioquímica médica básica de Marks / Colleen Smith, Allan D. Marks, Michel Lieberman ; tradução Ângela de Mattos Dutra ... [et al.] – 2.ed. – Porto Alegre : Artmed, 2007.
NELSON, D. L.; COX, M. Lehninger – Princípios de Bioquímica. 3ed. São Paulo: Sarvier, 2002
http://drauziovarella.com.br/letras/d/deficiencia-de-vitamina-a-xeroftalmia/
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232010000700008&script=sci_arttext

8 comentários:

  1. Além da rodopsina, outras proteínas fotorreceptoras são encontradas nos cones da retina, sendo elas a base da visão a cores. Algumas opsinas relacionadas (fotopsinas) diferem em apenas alguns aminoácidos, bastando isso para que absorvam a luz em comprimentos de onda diferentes. Estes pigmentos também se encontram no cones da retina e são a base da visão a cores. Para além da rodopsina, os seres humanos possuem três outras opsinas: fotopsina I (absorve no espectro amarelo), fotopsina II (no verde) e fotopsina III (no violeta).
    Fonte: http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Rodopsina

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  2. Vale ressaltar que o 11-cis-retinal é de vital importância no ciclo visual, atuando nos bastonetes, células que funcionam com baixa intensidade de luz insensíveis às cores. Esta forma oxidada da vitamina A, o retinal, atua com a opsina formando rodopsina. Sobre ação da luz visível, a rodopsina é convertida a metarrodopsina II, na qual o retinol apresenta-se na forma todo-trans, sua forma mais ativa. A metarrodopsina II ativa várias moléculas de transducina, um tipo de proteína G. A transducina, na forma ativa, atua ativando várias moléculas de fosfodiesterase. A fosfodiesterase (Phosphodiesterase - PDE) ativada catalisa a hidrólise de monofosfato cíclico de guanosina (Cyclic guanosine monophosphate - GMPc), formando 5’-GMP. A diminuição da concentração de GMPc leva ao fechamento dos canais de Na+ e Ca2+ da membrana celular do segmento externo dos bastonetes. O GMPc, antes de ser hidrolisado, estava ligado aos canais de Na+ e Ca2+, o que deixava os canais abertos, permitindo o influxo de Ca2+ e Na+, em condições de escuridão. A hidrólise de GMPc provoca o fechamento dos canais de Na+ e Ca2+, dessa forma a membrana hiperpolariza. No período escuro o isômero é reconvertido para 11-cis-retinal
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitamina_A#Ciclo_Visual

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  3. Como foi falado sobre o retinol, é interessante entender quantidade de ingestão diária recomendada de vitamina A: pela "US Dietary Reference" a ingestão diária recomendada de vitamina A é: 900 microgramas (3000 UI) para homens; 700 microgramas (2300 UI) para mulheres; limite máximo - 3.000 microgramas (10.000 UI). Uma das manifestações mais precoces da deficiência de vitamina A é a visão prejudicada, particularmente cegueira noturna leve. A deficiência persistente de vitamina A desencadeia uma séria de alterações, sendo que as mais devastadoras ocorrem nos olhos. Coletivamente essas alterações nos olhos são chamadas xeroftalmia. Primeiro há secura da conjutiva, a qual é seguida pelo acúmulo de resíduos de queratina nas pequenas placas opacas e eventualmente a ulceração da superfície da córnea com sua destruição e cegueira total. Outras alterações provocadas pela deficiência de vitamina A incluem imunidade prejudicada, sensibilidade à luz e ressecamento e infecção na pele e nas mucosas (xerodermia). Vitamina A é encontrado naturalmente em muitos alimentos, como: fígado, cenoura, batata doce e manteiga.

    http://www.copacabanarunners.net/vitamina-a.html

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  4. Além da carência de vitamina A, a cegueira noturna ou nictalopia tem outras causas, como miopia, catarata, defeitos congênitos, retinite pigmentosa e o uso de alguns medicamentos. Para diagnosticas casos de cegueira noturna, o médico deve examinar o paciente e seus olhos. O objetivo inicial do exame é identificar se o problema pode ser corrigido (por exemplo, com novos óculos ou remoção de catarata) ou se o problema se deve a algo mais sério. Para isso, o médico deve fazer perguntas como Quando a cegueira noturna começou?, Você é míope?, Que outros sintomas você tem?, Como é sua dieta?, Você tem histórico familiar de diabetes?, A cegueira noturna ocorreu de repente ou gradualmente?.. Perguntas assim encaminharão o médico para o diagnóstico mais correto. Se o problema for realmente a carência de vitamina A, é preciso, inicialmente, identificar a origem dessa carência, que pode ser baixo consumo ou má absorção da vitamina pelo organismo. Nesse caso, são receitadas doses da vitamina de acordo com o peso do paciente, além do consumo de alimentos ricos em vitamina A, tais quais vegetais verdes folhosos, cenoura, batata-doce, gema de ovo, manteiga, fígado.
    Referências: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/nictalopia
    http://www.infoescola.com/doencas/xeroftalmia/

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  5. A visão também desempenha um papel secundário importante. Juntamente com a propriocepção e a função vestibular, o sistema visual desempenha um papel importante na capacidade de um indivíduo para controlar o equilíbrio e manter uma postura ereta. Quando estas três condições são isolados e equilíbrio é testado, verificou-se que a visão contribui mais significativamente, desempenhando um papel maior do que qualquer um dos outros dois mecanismos intrínsecos.
    Fonte: http://informahealthcare.com/doi/abs/10.3109/00016489.2010.498024

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  6. Vale ressaltar que o processo em si pode variar.No escuro, a rodopsina está ligada ao cromóforo 11-cis-retinal que regula sua atividade. A absorção de um fóton por este último produz sua fotoisomerização para all-trans-retinal, alterando-se a conformação da primeira através de reações químicas e térmicas, iniciando-se o processo de detecção visual. A forma ativa do fotopigmento que desencadeia a cascata da transdução é um intermediário denominado metarodopsina II ou Rh*(11). Esta é inativada por processos de fosforilação por quinases específicas como a rodopsina quinase e provavelmente a proteína quinase C. Este processo aumenta a afinidade da rodopsina pela proteína regulatória denominada arrestina, finalizando a resposta à luz. O tempo deste processo determina o tempo de vida da Rh* e difere consideravelmente entre cones e bastonetes.
    Após a inativação do Rh* , o fotopigmento deve ser regenerado para que um novo fóton possa ser absorvido, com a redução do all-trans-retinal para all-trans-retinol e quebra de sua ligação com a arrestina. O processo de regeneração do pigmento, denominado ciclo visual, inicia-se no seguimento externo do fotorreceptor, no qual o retinol é reduzido para all-trans-retinol pela deidrogenase all-trans-retinol. O cromóforo então é transportado provavelmente por uma proteína carreadora para a camada de células epiteliais do epitélio pigmentar da retina, onde é isomerizado para 11-cis-retinol e oxidado para forma 11-cis-retinal. Desta forma é retransportado para o fotorreceptor em que se recombina, de forma não enzimática, com a opsina fosforilada para que a regeneração da rodopsina se complete.

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  7. Como foi falado da rodopsina e da transmissão do sinal nas células da retina se faz importante falar um pouco da anatomia da retina para acrescentar à postagem.A camada dos fotorreceptores é constituída por 120 milhões de bastonetes e 6 milhões de cones. Os fotorreceptores são formados por duas partes muito distintas: o segmento interno e o segmento externo, ligados entre si por um cílio fino e frágil.
    Os bastonetes são mais numerosos e estão espalhados difusamente na retina, mas não existem na mácula. O segmento interno do bastonete é formado por duas partes: o elipsóide e o mióide. O elipsóide é uma região rica em mitocôndrias e funciona como a central energética do fotorreceptor. O segmento externo é envolvido pela membrana plasmática. No interior de cada segmento externo existe um empilhamento de 700 a 1000 discos membranosos sem continuidade com a membrana celular. É na membrana dos discos que existe a rodopsina, um pigmento formado pela proteína opsina e um retinal, derivado da vitamina A
    Os cones têm o segmento externo com forma cônica menos alta e mais longa, possuindo 250 a 500 discos. Os cones apresentam membrana celular contínua com a parede dos discos. Ao inverso, os discos dos cones não migram no interior do segmento interno; o mecanismo de renovação aparece mais difuso e certamente menos eficaz que os dos bastonetes. No curso de certas doenças da retina, o mecanismo de renovação dos discos membranosos pode ser alterado. O segmento interno dos cones é rico em mitocôndrias e, na sua base, ele faz sinapse com as células horizontais e bipolares.

    Fonte: http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=27&cad=rja&uact=8&ved=0CCsQFjAGOBQ&url=http%3A%2F%2Fneurologiapaulobrito.com%2Fpdf%2Fpdf_programa_residencia%2Fpares_cranianos%2FNervo%2520Optico.pdf&ei=d7hgVMX4MomcNqz1glg&usg=AFQjCNEgFWPKV8M24vXrkqr8Yg4VCBp4gg&sig2=3Y7QNL-1qYJTxi4cJOz6lg

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  8. Outra causa de cegueira noturna que não está relacionada à falta de vitamina A é a doença de Oguchi, uma patologia autossómica recessiva da retina caracterizada por cegueira noturna congénita estacionária (CSNB; ver este termo) e fenómeno de Mizuo-Nakamura. A doença é caracterizada por cegueira nocturna estacionária congénita e fenómeno de Mizuo-Nakamura, que é uma anomalia única morfológica e funcional da retina que se apresenta com uma descoloração típica amarelo-ouro ou prata-cinza do fundo ocular na presença de luz, que desaparece após adaptação ao escuro e aparece novamente após aparecimento da luz. Os doentes têm cegueira noturna não progressiva desde a infância com visão diurna normal, mas muitas vezes alegam melhoria da sensibilidade à luz quando permanecem num ambiente escuro por um longo período. Originalmente descoberta no japão é raramente encontrada no ocidente e está ligada a algum caso de consanguinidade na família.
    fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27492002000600014
    http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?lng=PT&Expert=75382

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